segunda-feira, 25 de junho de 2012

CILADA

Vem, não sinta medo
todas as coisas acabam
todas as flores murcham
todos os amores morrem

deixemos tudo como está
deixemos o verão pra mais tarde
que esse sofá está bom demais
vem, não sinta medo!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Azedume de uma tarde TCCística

Para se formar não basta muito
é preciso ser universiotário
saber em demasia a enciplopédia
do conhecimento bolorado

Pra que? não me pergunte
nem os mestres sabem

Atente-se apenas às
citações, referências
roteiros previsíveis
de balelas ensaiadas

A palavra-palavra
nada vale se não formatada
escreva laudas ABNTeísticas
profusas de norma culta
e de espaçamentos diversos
Dane-se a porra dos seus versos
suas insônias e suas unhas

O importante é a entrega
na hora e data marcada
do trabalho-baralho
de inconclusão de curso

Só assim alcançará
a plena erudição parasítica
do saber incompleto
tal qual Galli Matias
E tornar-se-á
um legítimo idiota

sábado, 16 de junho de 2012

O poema e o nariz

Aquilo não é uma lindeza de nariz
é um pecado disfarçado de mulher
metida na manhã em panos verdes,dizendo:
- vem,pra me ter nos teus braços uma noite
finja que sou eu o os teus amores.
Ledo engano do poeta que protestava em versos
mil modos-maneiras de dizer. Mais!

domingo, 10 de junho de 2012

À primeira vista

Esta é uma história destas de verdade, alegre e triste,
de um menino chamado Rubião
um menino cheio de chiste
alegre por fora e por dentro não
Rubião via o mundo de outra maneira
todo escuro pintado à caneta
todo som que escutava era uma pista
todo cheiro era tão bom
... Rubião era um menino normal
nunca deixou de brincar, sorrir e cantar

Até o dia em que na escola uma professora dissera
que ele era deficiente por não poder enxergar
desde este dia é que Rubião não sorria
nem brincar mais ele queria
ele só pensava
que tudo ele podia antes daquele dia
até voar ele podia
e nem precisava os olhos fechar
bastava imaginar
os olhos de Rubião estavam sempre abertos para o mundo

Ele deixou de estudar,
nem brincar de cobra-cega, não mais ele queria
Certa manhã, ficou encafufado
de ficar em casa bolando-bolado
Foi então pegar o sol nascer,
mas logo pensou:
- Oras bolas, eu não consigo ver!!?

Entretanto, na medida em que Rubião
saia do meio da sombra
e entrava pra dentro da luz
no quintal de sua casa,
sentia que os raios do matutino-sol o aqueciam
Foi aí, então, que ele percebeu
que o mundo que todos vêm pelos olhos-da-cara
ele ve com os da alma
e senti de várias formas:
é o cheiro do mato molhado
é do pão da padaria
é ouvindo o som das coisas
pássaros, buzinas e os latidos do chato-cão da vizinha

Rubião percebeu
que podia, afinal,
ver mais que os outros, e isso o alegrou.
Na escola, voltou a ser aquele garoto cheio de chistes, um brincalhão.
Certo dia, eis que aparece Rubía,
que como ele não via,
ou melhor,
via o mundo de outro jeito:
um mundo cheio de cheiros
de sons e sentidos
é o mundo que se vê pelos ouvidos
que se vê pelos olhos da imaginação
pela letra que se ouve da canção.

Rubião na mesma aula
por ela encantado
pergunta meio acanhado
com sorriso de dentista:
- Rubía, você acredita em amor à primeira vista?

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Revoltologia

Contra a memóririca de paixões findas

os livros baratos de poesias-terias de ontem

Culturírica enlatada nos livros de história branca

Partidos Esquerdos Loteados Desnutridos de cabralino azul

Viva à falta de identidade e às cervejeiras meninas-matutinas

O resumo do verso

Contra o sentimentalismo romântico-parnasiano

contra pseudo-arte

contra a cultura industrializada do consumo

contra o partidarismo vazio de propostas

mas cheio de ideotilogia relativa de Galli Mathias

Viva a esse sincretismo q nós somos

esse recorte de culturas genealogias puras da História

Mais-Vivas ainda

às cervejeiras meninas-matutinas

que alegram as noites a dançar

a boa música do acaso.

Escapuliu

SEJA QUAL(QUER)
NOITE SEM ROTEIRO
AMORES-CRUS
AROMAS-NÚS
FRUTA EM FORMA DE CHEIRO
É PRECISO UM, UM DIA
NEM QUE FOR DE PADARIA
NEM QUE FOR DE ONTEM
OU ANTES DE ONTEM
NEM QUE TIVER
SEM GOSTO
O SONHO.
Não há nada que
cinco minutos
e um cigarro
não resolvam.

Primor

Momentos-tormentos de provalina agônia

vozerinhas-vozes-vozerões

O mestre-mestrado-letrado entrou atrasado em aulas-de-sala

levantaram os silenciosos burburinhos burburões


sentaram-se as moças em elegantes-trajes-frios

balelaram possiveis perguntas

obtiveram improvaveis respostas

já que não há alguma plausível

No quando derradeiro

assinalar de questões

solicitantes

declararam

um robusto

Psiuuuuuu!

óculos

Só Deus pra sabe o que é que é

que tem por de trás dos óculos de uma mulhé

monte de coisa que nem Freud explica

poesia ninhuma conta dá de dizê

o que é mesmo que tem

por de trás dos oculo de uma mulhé

que no B-A-BA e no A+B

faz nego sorri

chora e até

endoidecê