O cheiro de perfume barato empestava o ar, era como aroma dum lar profano. Naquele lugar estavam elas, reunidas aos cantos, sorrindo todas, uma eterna tristeza. Dissimulando, amando por instantes corações errantes, homens sedentos pelo calor do corpo e sua volúpia.
Entre rudes e solícitos, bêbados e vadios. Lá estava eu, era a segunda vez que meu oficio obrigava-me a visitar tão desagradável lugar.
Foi-me pedido que levasse um tanto de poesia àquele cabaré. Qualquer homem no meu lugar diria que estava diante do jardim das delicias, ou mesmo o próprio palácio de Baco. A mim era como fosse o próprio limbo, difícil acreditar que os olhos do arquiteto zelavam por tal recinto. Aquele lugar fétido e decadente não era digno de seus cuidados (julgava eu).
Mas as almas que estavam ali certamente sim!Entre todas uma chamou-me atenção. Chamavam-na de Luzia, talvez um codinome. O olhar longínquo denunciava que sua alma não estava lá, só seu corpo que jazia numa poltrona de coriço bege cheia de furos de cigarros e algumas manchas de vinho, trajava o mínimo do que chamamos de roupa. Estava aos risos (falsos), rodeada de nobres e gentis cavalheiros, todos em busca de uma noite de prazeres infinitos a qualquer custo, ou preço.
Luzia tinha uma beleza fria, sem brilho, sem graça, mesmo assim era a mais bonita das cabrochas daquela ala. Todas as mãos lhe tocavam, lhe acariciavam, ela parecia não sentir, parecia até gostar. Mas só parecia. Atrevo-me a dizer que fazia birra com Deus, como se tivesse trocando de mal com a vida, como que maldizendo o destino por lhe traçar tão miserável caminho. Zombava do próprio fardo. Pobre libertina!
Cheguei próximo deles, não fui notado, nem por ela e nem pelos demais que ali estavam talvez, estivessem tão ébrios que o mais indiscreto não arrancaria um olhar sequer, de tão compenetrados que estavam diante da moça.
Luzia estava longe, era uma canoa à deriva em pleno pacifico, seus olhos estavam vermelhos, eram vidas secas, há tempos que não chorava.
E ela que tem nome de santa, num momento de súbita sobriedade notou minha presença. Ali fiquei, a noite passou, flertamos num segundo. Fecharam-se as cortinas, ao fim do espetáculo já não havia vagabundos nem vadios. Apenas eu e a meretriz.
Quebrado o silencio, ela cheia de vergonha e repulsa de si mesma, desabafou.
Disse-me poucas palavras, como um poema mal acabado, por vezes até sem sentido, embora cheias de sinceridade.
Suspirou, como que tomando coragem para dizer. E disse:
““... Nesta vida trilhei por muitos descaminhos, tive muitos desenganos. Eis o que sou, eis o que faço; engano a dor dos aflitos e a minha própria.
Não há descanso aos condenados, nem aos perdidos como eu. “Não me é permitido parar, até que eu feche os olhos...”.
E terminou sussurrando:
“”... Sou mulher do mundo, da vida. “De todos sou mulher.”
Salve salve amigo!!! Estarei sempre por aqui. Sorte e Sucesso Sempre!!!
ResponderExcluirsuuuuuuuuuuuuuu...tu és irma do acaso de minha vida..brigadw tu por sempre ser minha infalivel amiga
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