domingo, 25 de novembro de 2012

Vi só

Na sala de estares, cores insolúveis,
murchas desbotadas. Nas ondas da TV a cabo, Bonita e suas notas. Ela aparece de contra tempo e me pede: amor, aumente o volume e vamos dançar... A eternidade das flores de artifício ...

Peônias, liláceos, orquídeas roxas, botões rosas
em jarros rubros de cólera, 
penduradas em paredes soltas 
perdidas e insólitas.

Exito, não sei dançar. O cansaço e a fadiga 

impedem corações raros de movimentos bruscos
É preciso um bocado de ciência
dois dobrados e meio de paciência
boa dose de esquizofrenia e demência
para viver um grande Amor

A morada do Amor é lugar qualquer
que tenha um canto, um conto, um poema
uma caixa e meia de cerveja e uma porção de solidão em petiscos.

Os pendurados retratos anêmicos são eles felizes de fato
cujo momento petrificado não permite leitura adversa
no verso são eles felizes e pronto!
sorrisos eternos, abraços infindos

Sagrei-me de vera cavalheiro
sou só de minha amada por inteiro
como aconselhou Toquinho e Vininha poeteiro
em forma de samba canção, movimentos dissonantes
caminhos errantes e de redenção

Meu chara bem que tinha razão
é preciso peito de remador,
pra suportar toda a dor
de nós dois em quartos sós,
comemorar bodas todas, de papel
papelão, plástico e recicláveis

Vou ter cuidado permanente
para que minha amada
tenha em mente
que o porto inseguro
de outrora
não flutua à deriva
nestas linhas.