domingo, 25 de novembro de 2012

Vi só

Na sala de estares, cores insolúveis,
murchas desbotadas. Nas ondas da TV a cabo, Bonita e suas notas. Ela aparece de contra tempo e me pede: amor, aumente o volume e vamos dançar... A eternidade das flores de artifício ...

Peônias, liláceos, orquídeas roxas, botões rosas
em jarros rubros de cólera, 
penduradas em paredes soltas 
perdidas e insólitas.

Exito, não sei dançar. O cansaço e a fadiga 

impedem corações raros de movimentos bruscos
É preciso um bocado de ciência
dois dobrados e meio de paciência
boa dose de esquizofrenia e demência
para viver um grande Amor

A morada do Amor é lugar qualquer
que tenha um canto, um conto, um poema
uma caixa e meia de cerveja e uma porção de solidão em petiscos.

Os pendurados retratos anêmicos são eles felizes de fato
cujo momento petrificado não permite leitura adversa
no verso são eles felizes e pronto!
sorrisos eternos, abraços infindos

Sagrei-me de vera cavalheiro
sou só de minha amada por inteiro
como aconselhou Toquinho e Vininha poeteiro
em forma de samba canção, movimentos dissonantes
caminhos errantes e de redenção

Meu chara bem que tinha razão
é preciso peito de remador,
pra suportar toda a dor
de nós dois em quartos sós,
comemorar bodas todas, de papel
papelão, plástico e recicláveis

Vou ter cuidado permanente
para que minha amada
tenha em mente
que o porto inseguro
de outrora
não flutua à deriva
nestas linhas.

sábado, 20 de outubro de 2012

Dia de Poesia

Aonde vaga
o pensamento
morada da palavra
que é chave do poema

Ferida aberta do poeta
insensível ao vento
imperecível ao tempo

Barulhos remotos
remontam tormentos
e tudo torna-se verso

Universo distópico
da vida em fingimento
assim dá-se à luz
àquilo que no exato momento
parece não ser, mas é Poesia.

sábado, 6 de outubro de 2012

Parônimos

Par dos Sonhos 
Par dos Sentidos
Parecidos 

Paridos "in" Par 
Parceiros Parlapatões
Partidos ao meio 
Parcimônia ao
Par de bocas, entre 

Par-há-Quedas, entre 
Par há isso, entre 
Par-há-nóia 
Par é ser
Parelho som de um 

Par de bagunceiras almas, é
Parentese das palavras indizíveis
Par odiar às vezes é preciso
Paródias Particulares de um Par de amantes brilhantes
Partículas Partituras  tornam-se Paramentos de um romance modernista-regionalista-existencialista
Paraninfos em altares Parisienses, os parnasianos não

Paralisam eles a canção e enchem de nada a poesia no dia em que o
Par seria para o outro Um.


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Chave

A Palavra
descascada
desvendada
estuprada


100-sentidos
nua
crua
santa puta sacra


embreagada
disfarçada

desgraçada


descalçada
menina
ingenua
tenra
faceira
atroz

A Palavra-dicionarística
palavra desprovida de Palavra 
O popular-palavrão
 
o tudo
o nada
a glória 
o foda-se

a ideia 
a forma
o caos 
a ordem
o ritmo
o coração

A música
da Palavra 
é chave 
do poema

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

REHEARSAL


there's a vague
future history
coming
soon
like
a
som
movie
samba
movin' on
rehearsing
like no tomorrow
for a never seen before
non-existing life that makes me feel like living one hundred and twenty years.

BY THEREZA DE CASTRO

WHO R U

Who r u?
I’m in luv with myself
When staring at my own face
The young wrinkles welcoming my eyes
They look less childish than before

My dear
Maybe that’s why you think I’m serious today
Skin dressed up as an adolescent
Covering my thirty-one-year-old
Flesh
That I love each time I think of
Myself
I feel like cinders when I remember my own kisses
“Everything only happens inside of me”
But
You – who r u?
That, filled up with extreme happiness stares at my neck
Know the tiny freckles
On my nose
See my eyes from inside
Who
R
U
?
 
BY THEREZA DE CASTRO

POEMA THEREZA LUX LUXO

hoje eu posso fazer um comercial de sabonete
shower gel
refreshing
linda
fresca

não
isso não é poesia
é
day after
mesmo
lux
luxo

ARRITMIA



Eu tenho arritmia. Não deixo pra última hora por que nunca sequer cheguei às instâncias da última hora. As coisas ficam no plano primeiro, do querer-fazer. E eu as protelo ainda embrionárias. E as protelo. Algumas sobrevivem à arritmia do primeiro (e nato para algumas pessoas) degrau e alçam um voo medíocre. Chegam, emfim, ao encerramento. E morrem sem nunca terem nascido.
Mas as que nascem de verdade - ainda estou falando das ideias - as que nascem...
Tenho que encontrar alguém que me faça entender ritmo de respirar - meu primeiro desejo concedido pelo gênio da lâmpada. E num céu branco e depois azul triste e bonito, começou a música - sempre achei ritmo de CéU uma coisa cabocla, ritmada, respirada. E eu comecei a observar o tempo.
Estou observando até agora.
Não tenho mais arritmia - não nos 90º do querer-ter - não tenho mais de verdade.
Eu observo o tempo das tuas mãos.

BY THEREZA DE CASTRO

POEMA THEREZA 2

meu presente
meu dia
meu futuro
minha madrugada
minha mania de fazer ideias parecerem uma escada rolante
quando eu quero
falar
com você
sem rima
mesmo
QUE SEJA
A TARDE
VESPERA
do amor.

BY THEREZA DE CASTRO

POEMA DE THE

Era mesmo de verdade
Intransponível
Impossível
Paúra
E ele

Me segura
Como quem segura
Um maço de mato sensível
Não era impossível mais, com ele agora.
 
BY THEREZA DE CASTRO

FARDO TROPICAL

Ele carrega o peso
de um mundo inteiro
na ponta dos lábios

E nem liga

carregar ia
mil se preciso
vezes Ela nos braços

a confiança afiança
seus conflitos
seus pecados

E na volta pra casa
com o amor
do acaso
de tua vida

um unico afã...

uma sacada
uma rede
E um casal
de cara pra lua

A BARATA DO QUARTINHO DA LOUCURA



Havia uma barata em cima da porta
em cima da porta havia uma barata
eu estava aflito-frito suando frio
quando a vi me deu arrepio

Ela imovel, onipresente
uma mosca na sopa da gente
Asquerosa, mas bem lá no fundo gostosa
asquerenta, fedida ao mesmo tempo cheirosa

Danada adora avoar em mentes pensantes
corações inebriantes
cavaleiros errantes de Cervantes,
avoar por espaços herméticos-etéreo-etílicos

Bolada, a barata parecia
guimba desvendada
uma barata de pata escancarada
um baratão, uma baga de barata
E que barato me dava aquela barata

Chá da tarde


Cade a musica na vitrola ?
e a poesia das páginas amarelas ?
e o café da tarde cor de açucar ?
e as leituras do maracatu ?

Cade o aroma ?
daquele passado prématuro?
do pão feito pela mão da vovózinha, que sorria toda tarde um chá chinês?

?

- Só a antropofagia nos une!
- Concordo plenamente, mas o que é an-tro-pofa-gi-a?

VocÊ não sabe? Santa ignorancia! Digo que é uma forma diferente de pirÔfagia (???)

Diário diário

Nada de novo
no jornal de hoje
com noticias
de ontem.

Le discret charm

Em tempos de ótima vizinhança
é sempre bom um convescote
em noites de felicidade fria
o balançar dum vinho ajuda a dissimular.

Isso não significa
que burguês não se preocupa
com os desabrigados e desvalidos
sentados em sofás fabricados por oprimidos
vestindo sapatos feitos

por calos de pequeninas mãos chinesas
frequentando puteiros na europa, de brasileiras
comida em sua mesa só francesa
e se preocupam com a africana Dona Fome
quem disse que não se comovem
com a miséria-midiática?

Doar ou não doar, eis a questão!
realizem-se os eventos
para mostrar vossa caduca-candura
e vossa grande empresa filantrópica nos trópicos
Esqueça que o amor é a alma do negócio
é o começo da Revolução

Carpintaria


(...) -Filho, 

aqui é o fim da estrada.
- A estrada não tem fim,

Pai, 
o fim só existe dentro da gente!

Ela eu e Sartre

Ela disse me amar
eternamente
como mente
e sente essa menina
que dizia que a vida é intervalo,
entre dois, nada
que o eterno nao existe
é só invenção de Homem
é só o tempo que insiste
em querer nos separar

Apoteose



"A boneca é de cera
de cera macera"

Lá vem gritaiada
reisada e chegança
lá vem a menina
faceira na dança

O malgungo que corre
é sem eira nem beira
O batuque d'Alfaia
é baque cabeça
O cortejo que passa
na frente da fêra...

"- Ôh reis que vem de alta,
Rainha se coroa
- Êh-zô, êh-zô,
Rainha se coroa"

Por Ella no porão


Num fechar de portas-tortas
dizia ela: nossa! Há uma pedra encrencando no batente
Escutava ao mesmo tempo
o doido pseudo-poeta de mente e de boa bagunça
espernear só, versos de um futuro blue
que junto ajudei a desconstruir
ao som do som de Elis.

Reflexões Therevisivas

Estar feliz é sair do amarelo, é sinal verde
para nós que somos jovens
-Isso é bom? Pessoa diria que não!

"as vezes (h)a vida
num engarrafamento"

é aquela coisa do choamsky
da ideia coletiva, um galho
com um milhão de ramos

derivando de quinhentos galhos
e mais um bilhão de ramos
A gramática de todos nós
a gerativa da vida...

Se sou a favor?
-claro que não!
sou ser pensante
cansada de pensarolar
vivo no eterno conflito
da contradição
danço no eterno balanço
de um samba cançao

(para-búla literária)
Os ramos
sao as ideias
os galhos
- somos s(ó)s!

entre braços
entre postos
Entre, sem céu
nem chão

Ela diz que está no dengo
ontem tive um pesadelo
Ela mete o bedelho
faz "nossa" a poesia
eu rio e adoro
ao mesmo tempo choro...

Referencia bibliográfica
CASTRO E SILVA. Algum livro de instante. ed. Pós-apocalíptica: São paulo, 2022.

Canta o galo morre o pinto

Foda nao é cantar de galo
e acabar numa panela,
mas sim morrer pinto
virar nuggets
e assar no forno
de um fogão elétrico
Brastemp!

amOR

Amor é construção
sentimento em manutenção
sagrado e profano
espirituoso mundano
é passo a passo
compasso metronímico
oração de quatro mãos
o Amor é todo segundo

re-construção...

Janelas

Janelas acesas
denunciam a insonia
dos amantes enamorados
ap's burgueses do centro
da praça da matriz piscam
todos os olhos
comercios soturnos
de mulheres semi-sinceras
abrem suas bocas-portas
Igrejas assinalam sinalam

por quem os sinos dobram
Janelas dos variados formatos:
indiscretas de fim de festas
Janelas que observam pelas frestas

Quando se apagam
se apegam
se agarram
se calam
os corpos
vozes
gemidos
nove meses, filhos

E lá continuam elas
com sacadas ou cortinas
as janelas
por casais sonhadas
redondas ou quadradas
janelas que fazem sala
para Tv's ligadas
em noites de enluarada quarta

Guevara burguês

Acorda as 10 da manhã
e quer fazer revolução?
 

Primeiro, levante e faça a cama!

Tcc em 3 atos

Trabalho, Cigarro, Café - manhã
 Trabalho, Cigarro, Cerveja -tarde
Trabalho, Cigarro, Cachaça - noite

domingo, 2 de setembro de 2012

nos braços

Ele carrega o peso
de um mundo inteiro
na ponta dos lábios

E nem liga
carregar ia
mil se preciso
vezes Ela nos braços

a confiança afiança
seus conflitos
seus pecados

E na volta pra casa
com o amor
do acaso
de tua vida

um unico afã...

uma sacada
uma rede
E um casal
de cara pra lua

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A espirituosa do Bloco 11

Ela é um amor de pessoa
dormindo
uma flor de menina
urtiga
calada
é poetiza
uma candura de espiritualidade
prostrada
vive a orar com devoção:
- oh my God,
não pare meu dog!!

vida é movimento

Seja útil
sempre
ou
enterre-se

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Tristeza não tem fim

A maior dor da sexta
é não ser sábado

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Aetê

A gente é uma espécie de
Beauvoir e Sartre
de Dora e Pedro bala
Ceci e Peri
Diadorin e Riobaldo
eu Orfeu negro
tu Eurídice
por vezes,
Virgulino
o Lampião
tu MAria
a Bonita
Me sinto Jorge o Amado
e sua Zélia
o BEntinho sem cíume
só contigo Capitu
ou
Júlia e Winston
em 84 do século passado
ou
Chico e Risoflora
em Afrociberdelia
ou linda Dadá
e a pedra lisa
do Corisco
ou Sal amargo
e seu Pilar
ou Dulcinéia
e Dom Quixote
sou só palavra
ela sentido
sei só
que somos
um par.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Manifesto apocalíptico pós antropofágico

Só a antropofagia nos une,
só o dinheiro nos comove
só o amor nos mata
e só o salvador
nos salva

Projeção do pensamento filosófico da semana de arte pós apocalíptica de 2022




Eu e eu

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Amor a 3


É dificil explicar esta relação triádica
só posso dizer que isso me completa
me dá chão e paz

Há quem me chame louco por aceitar tal situação
o fato é que nós trÊs
somos parte de uma mesma oração

Ciúmes? Deixe disso, é claro que não!
Adoro trios-ternuras
de samba-jazz e rock'n'roll, trios de salsa rumba e soul

Conincidentemente
meu número da sorte
é Três

Não me sinto traído
até gosto
Afinal

somos um par artístico
e entre nós
há Poesia.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Bocas
de bueiros
Olhos
de olheiros
no baile
das dançarinas-matutinas-meninas
à espera
de cortejo
Dentro
galos-galãs
de prosa
de quinta
de charme
de sexta
meros amores-frios
de sabado
que jazem em sofás vazios
domingo
cadaveres adiados só
segunda.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Presente

Eu precisava ver o fim do samba
arrumar a bagunça
retirar de dentro
a minha TV
mergulhar no profundo mistério

na ponta de um cacto de dez metros
onde o sol se vai galope
todo universo-inverso dentro de mim
feito mosaico macunaímico
ou outra prosa andradiana

a ficha caiu a poeira que sou
que se importa com coisa desimportante
que faz poemas indiziveis de amor a todo instante

que se pergunta a toda hora
como acordar triste durmir alegre
estar só
mas acompanhado
dançar nem que for parado
faz sentir isso
que chama vinicius
vivo

Foi logo alí
enquanto atravessava avenidas
desluzidas e desmazeladas
vi desiludidas-matutinas-meninas
semi-sinceras e sequeladas
que gritavam exasperadas:

Je suis ce que je veux être!
vive le rock de la vie!

Passaram elas eu passarinho
após o convescote
entre raposas e coiotes
agradeci o Arquiteto
pelo pão e pelo verso
pelo acaso e o novo
por ter passado
agradeci mais depois
por ter presente

quinta-feira, 26 de julho de 2012

De vagar num cabaré

Ultimamente ando de vagar
à procura do porto de Ítaca
eita estrada estreita!

Já jazzbandolei por noites intermináveis
baguncei ao som de John Coltrane

fiz promessas pra esquecer um passado prematuro
fiz também poesia-podreira pra plateias burguesas
de palavrinhas, palavras, palavrões
clichês e chavões
fiz tudo que não permitiam
as convenções

transgredi a NOrma
não ouvi minha mãe
que dizia aflita:
Meu filho, não!

Comecei um romance-moderno
acabei rodeado por elas, só
num cabaré
de vagar

O que o amor não comeu em "Os Três Mal-Amados"

Joaquim:

O amor só não comeu
minha poesia
minha musica
e meu cú.

Cuidando de idosos

E o velho sentia enorme vontade de rir e chorar,
um misto de desespero, demência e felicidade.
Era hora da injeção!

poesia informativa

Atenção:

O uso do "Foda-se"
está formalmente liberado
em reunioes executivas
bate papo filosofico de boteco
cartas de amor
jogos de azar
e em demais locais
outrora
inapropriados

Use com ciência
sem moderação

quinta-feira, 19 de julho de 2012

PÍLULA APOCALÍPTICA DO ESQUECIMENTO DE UM PASSADO PRÉ-MATURO NOVIDADE NO MERCADO DOS AFLITOS

VENDEm-SE PÍLULAS:

ANTICONCEPCIONAIS
DE VITAMINA C D E
DOS DIAS SEGUINTES
CINEMATOGRÁFICAS
TEATRAIS
LISÉRGICAS
ETÍLICAS

NA PROMOÇÃO DE HOJE
PÍLULAS PARA ESQUECER ONTEM.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Indigesto

Hora de almoço
salada de xuxu
sem gosto nem sal
entre a guarnição
o garrafa de tubaina sem gas

Eis a voz da consciencia:

para os quintos
de uma mercearia
para os quartos do paraiso
vocês

-Tragam-me a porra da pimenta
pra eu queimar minha boca suja
e escarrar nesse prato de patifaria
bon appétit.

sábado, 14 de julho de 2012

Ferida em Garrafa

Impressionante como elas
parecem distantes
quando são desconhecidas

As coisas
os caminhos
os corpos
as agonias

Imensas avenidas
soltas distraídas
sempre abertas

Eterna vereda
de um passado novo
A dor e delícia
de um corte e gozo
corte gozo.

O mais
é indizível
indivisível
antes do cair da noite

terça-feira, 3 de julho de 2012

Desconfio

Tive um sonho
que em tudo
não foi sonho
era um misto
de lucidez
e doidice aguda

Flora-se

Quero
que o mundo inteiro
se flora
com o elo
de todas as cores

Sem ponto nem vírgula

meu verso
não tem ponto
nem virgula
é como eu
errante

Carta endereçada

Num eterno pra sempre
agora lhe bastava
jugava tê-la eternamente
em mente
nos braços
em pernas
nos lábios
em olhos dela
eram mil maneiras
laberínticas de sorrir
esfinge-bachiana
bailarina-enigmática
Dissimulando
o poeta
começou
a devora-la
em versos

Russo suicida

Ontem a noite
eu vi o seu retrato
quando em sonho
fui ao plano
etéreo passear
Pois a vida aqui
andava um saco
e os copos de veneno
não adiantam

"Mas você ri como uma menina
que se atormenta com seus pensamentos"
Eu sou um russo suicida
que a vã lembrança atormenta

Lá estavam
eu você nós dois
e todos os nós
que se atavam a nós
mesmo de sós

Mesmo se tratanto de quimera
aquela primavera
que era tão bela
pertenceria a nós

"Mas você ri como uma menina
que se atormenta com seus pensamentos"
Eu sou um russo suicida
que a vã lembrança atormenta

Vem

sou movido pelas palavras:

- Vem, amor!

Também

Se ela for
a mulher de minha vida
vou respeitá-la muito
amá-la mais ainda
E se não for,
também.
As sirenes azuis
funebravam
a manhã de sol de terça
e denunciavam
mais uma partida.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

CILADA

Vem, não sinta medo
todas as coisas acabam
todas as flores murcham
todos os amores morrem

deixemos tudo como está
deixemos o verão pra mais tarde
que esse sofá está bom demais
vem, não sinta medo!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Azedume de uma tarde TCCística

Para se formar não basta muito
é preciso ser universiotário
saber em demasia a enciplopédia
do conhecimento bolorado

Pra que? não me pergunte
nem os mestres sabem

Atente-se apenas às
citações, referências
roteiros previsíveis
de balelas ensaiadas

A palavra-palavra
nada vale se não formatada
escreva laudas ABNTeísticas
profusas de norma culta
e de espaçamentos diversos
Dane-se a porra dos seus versos
suas insônias e suas unhas

O importante é a entrega
na hora e data marcada
do trabalho-baralho
de inconclusão de curso

Só assim alcançará
a plena erudição parasítica
do saber incompleto
tal qual Galli Matias
E tornar-se-á
um legítimo idiota

sábado, 16 de junho de 2012

O poema e o nariz

Aquilo não é uma lindeza de nariz
é um pecado disfarçado de mulher
metida na manhã em panos verdes,dizendo:
- vem,pra me ter nos teus braços uma noite
finja que sou eu o os teus amores.
Ledo engano do poeta que protestava em versos
mil modos-maneiras de dizer. Mais!

domingo, 10 de junho de 2012

À primeira vista

Esta é uma história destas de verdade, alegre e triste,
de um menino chamado Rubião
um menino cheio de chiste
alegre por fora e por dentro não
Rubião via o mundo de outra maneira
todo escuro pintado à caneta
todo som que escutava era uma pista
todo cheiro era tão bom
... Rubião era um menino normal
nunca deixou de brincar, sorrir e cantar

Até o dia em que na escola uma professora dissera
que ele era deficiente por não poder enxergar
desde este dia é que Rubião não sorria
nem brincar mais ele queria
ele só pensava
que tudo ele podia antes daquele dia
até voar ele podia
e nem precisava os olhos fechar
bastava imaginar
os olhos de Rubião estavam sempre abertos para o mundo

Ele deixou de estudar,
nem brincar de cobra-cega, não mais ele queria
Certa manhã, ficou encafufado
de ficar em casa bolando-bolado
Foi então pegar o sol nascer,
mas logo pensou:
- Oras bolas, eu não consigo ver!!?

Entretanto, na medida em que Rubião
saia do meio da sombra
e entrava pra dentro da luz
no quintal de sua casa,
sentia que os raios do matutino-sol o aqueciam
Foi aí, então, que ele percebeu
que o mundo que todos vêm pelos olhos-da-cara
ele ve com os da alma
e senti de várias formas:
é o cheiro do mato molhado
é do pão da padaria
é ouvindo o som das coisas
pássaros, buzinas e os latidos do chato-cão da vizinha

Rubião percebeu
que podia, afinal,
ver mais que os outros, e isso o alegrou.
Na escola, voltou a ser aquele garoto cheio de chistes, um brincalhão.
Certo dia, eis que aparece Rubía,
que como ele não via,
ou melhor,
via o mundo de outro jeito:
um mundo cheio de cheiros
de sons e sentidos
é o mundo que se vê pelos ouvidos
que se vê pelos olhos da imaginação
pela letra que se ouve da canção.

Rubião na mesma aula
por ela encantado
pergunta meio acanhado
com sorriso de dentista:
- Rubía, você acredita em amor à primeira vista?

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Revoltologia

Contra a memóririca de paixões findas

os livros baratos de poesias-terias de ontem

Culturírica enlatada nos livros de história branca

Partidos Esquerdos Loteados Desnutridos de cabralino azul

Viva à falta de identidade e às cervejeiras meninas-matutinas

O resumo do verso

Contra o sentimentalismo romântico-parnasiano

contra pseudo-arte

contra a cultura industrializada do consumo

contra o partidarismo vazio de propostas

mas cheio de ideotilogia relativa de Galli Mathias

Viva a esse sincretismo q nós somos

esse recorte de culturas genealogias puras da História

Mais-Vivas ainda

às cervejeiras meninas-matutinas

que alegram as noites a dançar

a boa música do acaso.

Escapuliu

SEJA QUAL(QUER)
NOITE SEM ROTEIRO
AMORES-CRUS
AROMAS-NÚS
FRUTA EM FORMA DE CHEIRO
É PRECISO UM, UM DIA
NEM QUE FOR DE PADARIA
NEM QUE FOR DE ONTEM
OU ANTES DE ONTEM
NEM QUE TIVER
SEM GOSTO
O SONHO.
Não há nada que
cinco minutos
e um cigarro
não resolvam.

Primor

Momentos-tormentos de provalina agônia

vozerinhas-vozes-vozerões

O mestre-mestrado-letrado entrou atrasado em aulas-de-sala

levantaram os silenciosos burburinhos burburões


sentaram-se as moças em elegantes-trajes-frios

balelaram possiveis perguntas

obtiveram improvaveis respostas

já que não há alguma plausível

No quando derradeiro

assinalar de questões

solicitantes

declararam

um robusto

Psiuuuuuu!

óculos

Só Deus pra sabe o que é que é

que tem por de trás dos óculos de uma mulhé

monte de coisa que nem Freud explica

poesia ninhuma conta dá de dizê

o que é mesmo que tem

por de trás dos oculo de uma mulhé

que no B-A-BA e no A+B

faz nego sorri

chora e até

endoidecê

sábado, 19 de maio de 2012

Oswaldiana e outras Anas

Na azul-cadeira

o ritmado canto de ansiosas unhas

a roer sinfonias de seis segundos de Vinicius

Ao lado matutinas-meninas num néscio-comércio de bijuterias-terias

um bando de almas-fantasias sem roupas íntimas

acaloradas-coradas pelo semiosférico sol do meio do dia

Lá se foi o sono-sonho sucumbiu à insonia-Sonia querida

Na brancalina sala de ampliadas janelas

espalhafatosas teorias-terias

conversantes paralelas

Bem ditos trabalhos-baralhos

Apotéticos-patéticos

de pseudo-poesia.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Café de manhã

Hoje um poema, escreveria
de uma piada sem graça, eu riria
tomaria banho de chuva e até
Beberia um trago dum amargo café
dum amigo poeta baiano da Bahia
Mas é que agorinha, agorinha
palavra ausencia se fez presente
no lugar da presença querida
Numa mesa de cores fartas
aromas vastos, manhã nascia
cheiro de pão fresco na vizinha
era promessa que eu fizera e não cumprira
Judite partiu sem tomar meu café de manhã.