quinta-feira, 5 de junho de 2008

Segunda-Feira

Acabo de levantar,
A tarefa me aguarda sem falta,
Vejo o sol coberto por brumas
Numa manhã que ameaça cinza, mas se mostra viva, colorida...
Penso... Pode ser o ultimo sol que minha vista fatigada observa
Ouço pássaros, automóveis...
E pessoas a todo vapor
Cansadas caóticas e eufóricas,
Nem notam que são bonecos observáveis, tal qual num teatro,
Contemplado por crianças sem obrigação de rir
Afinal, hoje é segunda-feira e por isso não rio.

A mão

A mão do sertanejo é a mão que carrega o mundo
caleja o cabo da enxada
cavuca buraco profundo
Buraco à procura de água
sede à procura de fundo
Fundo de cova rasa
Raso que vive inundo.
carranca de zóio virado
olhando pras banda da lua
malungo de zóio fechado
que toca de baque virado
sentado pro meio da rua.

nem tudo que reluz é ouro

Certa vez, numa noite de domingo resolvi comer algo diferente com minha esposa. Propus irmos a uma lanchonete perto do centro da cidade. Ela concordou e logo foi se produzir, como fazem todas as mulheres. Alias, não consigo entender como podem perder trinta minutos de frente ao espelho.
Eu por outro lado me sentia à vontade trajando uma bermuda levemente deteriorada pelo tempo, uma camiseta regata e sandálias de dedo.
Passado um tempo estávamos prontos. Resolvemos ir de carro, pois de moto seria demasiadamente arriscado, afinal há muitos assaltos e acidentes pelas bandas do centro.
No trajeto fomos imaginando o quão fabuloso era o lanche que estava a nossa espera.
Ao chegarmos, a loja estava cheia, parecia que todos resolveram comer naquele momento e naquele local.
Ela então foi fazer o pedido no balcão enquanto eu aguardava do lado de fora uma vaga no estacionamento (após infinitos dez minutos consegui uma vaga).
Posteriormente adentrei a loja a procura de minha esposa, finalmente a encontrei e segui em sua direção, quando de repente um garçom com cara de desesperado me parou e perguntou se o fusca de cor azul era meu.
Para melhor entender a situação, descreverei o contexto em que ocorreu este episódio.
Havia aproximadamente setenta pessoas na lanchonete, algumas dezenas em pé e cerca de cinco indivíduos ao meu redor. O garçom atravessou a loja passando por diversas mesas repletas de casais e grupo de amigos, veio diretamente a mim e não hesitou em me perguntar, como se tivesse a certeza de que aquele veículo pertencia a mim.
Após ouvi-lo com a maior atenção, respondi: _ “Não, o meu é aquele corsa prata!”.
Ele ficou totalmente constrangido, pois estava certo de que eu era o dono do fusca azul, que àquela altura atrapalhava todo o transito no estacionamento.
Pois bem, o meu objetivo ao narrar este episódio é pontuar um aspecto relevante do signo sob uma perspectiva pierceana.
Ora, por que o garçom associou um carro velho à minha pessoa? Já que muitas outras pessoas apesar de estarem mais bem aparentadas poderiam ser o tal dono do fusca azul.
Observe que o fato de eu estar usando trajes simples, serviu de índice e remeteu o garçom a um segundo signo relacionado à questão social. O que acaba por criar um terceiro signo, isto é, o entendimento do interpretante.
Neste episódio podemos observar, mesmo que superficialmente, uma relação triádica. Em que a partir de determinado signo (um jovem aparentemente desprovido de dinheiro), o interpretante pode ter múltiplos entendimentos do objeto.
É possível ainda com base nesta historia explorar o aspecto arbitrário do signo, só que por um viés saussuriano. Porém esse será assunto para uma próxima conversa.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Adeus

O dia em que minha vó morreu chovia
as nuvens se juntaram numa só
como se a séculos esperassem sua própria vó
e lá ela disse:
meus loros
viverei a eternidade
depois de peleja à meia idade
vou dizer sinceridade
vou tomar conta da bisa
na primavera dos mares...

quarta-feira, 30 de abril de 2008

comunhão



Voa tempo voa
soa como um sino no altar
Décadas, séculos, milênios, anos luz daqui
Não moveram as pedras
Rio, risos e olhares
tal qual riqueza dos mares, tropeça cai levanta
como um bloco de cálcio quadrado
em barcos de areia,
em bares de praça, em seu pensamento,
A viagem e os lares trincados.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

poema numérico

O instante
cujo qual o homem
nomeou segundo
é a primeira forma de contar o tempo
Tempo incontavel indivisivel tempo
oitenta e seis mil e quatrocentos tempos
Esse é todo tempo do seu dia.

Júbilo

Ofereço-te
rosas de tez lilás
ventos de Outono
jóias o quanto mais
um sorriso...
sincero de Monaliza
para enquadrar nossas alegrias
e tudo que o tempo traz.

_\|/_

A felicidade se esconde
Às vezes
é preciso perder-se
para encontrá-la...

Algemas

Insuportavel
é viver esta realidade
mansa e patética
imutavel e cruel,
Algemas
não aprisionam minhas idéias mundanas
sinto sim
o desejo de ser livre
Prefiro perecer
a ser escravo deste mundo beócio e fétido.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

odÊ a chico

Ao som do mar
colho lembranças
como as rosas
do meu jardim
que plantei agora vou regar ...
Brisa leve vem dizer :"Trago boas novas"
vem comigo vem pra ver
na primavera
cravo ou rosa , cravo ou rosa
Pode ser que um dia a vida lhe faça chorar,
mas estarei sempre agora hoje contigo ao seu lado.



*música feita em homenagem a chico filho de Cibelle de Cássia & silviho tattoo

Rio

Em plena tarde os pássaros cantam,
ônibus passam , as pessoas nascem,
o sol vem e vai...
Em meio a esse mundaréu de tarde
senti vontade de sorrir, pensei: por que não?
No breve instante que sorri eu era eterno,
tempo sem ponteiros,
livro sem fim
livre por inteiro...
E por isso eu rio, como rio que deságua em mar
O reencontro das lágrimas,
É hora de chuva.

Pensamento de Mário Quintana

" Livros não mudam o mundo,
Quem muda o mundo são as pessoas,
Os livros apenas mudam as pessoas."



*Mário quintana

Primavera

Viajei américas, índias
o sol nascia e banhava o oriente
tormentas, o vazio profundo da mente ...
E já bem perto do fim, eis que vi...
A primavera à nossa espera
Borboletas e pássaros prontos para voar...

Toca o radio

" Uma nova versão para uma velha canção...
toca o rádio nesta frequência desenfreada,
toca rádio nessa sequência desembestada...
Atemporal anacrônico e atmosférico
como as plantas que brotam da terra e sobem os predios de elevador,
como aquele malungo que solta satélite em dia de vento...
Atemporal anacrônico e atmosférico."



*Letra à espera de seu significante , isto é, a Música!!!

nostalgia

"Lembro dos tempos de glória de outrora, se lembro!
As falenas foram testemunhasdo quanto sorvi a vida
Agora...sinto-me sorvido distante
tal qual Don Quixoteo cavaleiro errante
O poema sem poesia,
noites sem lua
esquina sem rua
O ritmo sem harmonia.
O que te resta nobre cavaleiro
é padecer junto aos beócios e viver a vida mansa..."

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Cultura Entulho

Ele vem voando na batida certa
mirando, fitando e focando por entre as vielas
Átlas de carniça...atrás de cultura
de contra-plouge minha mente ofusca,
o que faz Urubu por aqui na Augusta?

...catando no dia restos da orgia noturna,
paisagens belas, ao redor as favelas e a selva de concreto que abraça todas elas...

Carniça, barulho, cultura e entulho é musica!!




* trecho retirado da musica "cultura entulho " da Banda Irmandad.