quinta-feira, 5 de junho de 2008

nem tudo que reluz é ouro

Certa vez, numa noite de domingo resolvi comer algo diferente com minha esposa. Propus irmos a uma lanchonete perto do centro da cidade. Ela concordou e logo foi se produzir, como fazem todas as mulheres. Alias, não consigo entender como podem perder trinta minutos de frente ao espelho.
Eu por outro lado me sentia à vontade trajando uma bermuda levemente deteriorada pelo tempo, uma camiseta regata e sandálias de dedo.
Passado um tempo estávamos prontos. Resolvemos ir de carro, pois de moto seria demasiadamente arriscado, afinal há muitos assaltos e acidentes pelas bandas do centro.
No trajeto fomos imaginando o quão fabuloso era o lanche que estava a nossa espera.
Ao chegarmos, a loja estava cheia, parecia que todos resolveram comer naquele momento e naquele local.
Ela então foi fazer o pedido no balcão enquanto eu aguardava do lado de fora uma vaga no estacionamento (após infinitos dez minutos consegui uma vaga).
Posteriormente adentrei a loja a procura de minha esposa, finalmente a encontrei e segui em sua direção, quando de repente um garçom com cara de desesperado me parou e perguntou se o fusca de cor azul era meu.
Para melhor entender a situação, descreverei o contexto em que ocorreu este episódio.
Havia aproximadamente setenta pessoas na lanchonete, algumas dezenas em pé e cerca de cinco indivíduos ao meu redor. O garçom atravessou a loja passando por diversas mesas repletas de casais e grupo de amigos, veio diretamente a mim e não hesitou em me perguntar, como se tivesse a certeza de que aquele veículo pertencia a mim.
Após ouvi-lo com a maior atenção, respondi: _ “Não, o meu é aquele corsa prata!”.
Ele ficou totalmente constrangido, pois estava certo de que eu era o dono do fusca azul, que àquela altura atrapalhava todo o transito no estacionamento.
Pois bem, o meu objetivo ao narrar este episódio é pontuar um aspecto relevante do signo sob uma perspectiva pierceana.
Ora, por que o garçom associou um carro velho à minha pessoa? Já que muitas outras pessoas apesar de estarem mais bem aparentadas poderiam ser o tal dono do fusca azul.
Observe que o fato de eu estar usando trajes simples, serviu de índice e remeteu o garçom a um segundo signo relacionado à questão social. O que acaba por criar um terceiro signo, isto é, o entendimento do interpretante.
Neste episódio podemos observar, mesmo que superficialmente, uma relação triádica. Em que a partir de determinado signo (um jovem aparentemente desprovido de dinheiro), o interpretante pode ter múltiplos entendimentos do objeto.
É possível ainda com base nesta historia explorar o aspecto arbitrário do signo, só que por um viés saussuriano. Porém esse será assunto para uma próxima conversa.

2 comentários:

  1. Eu fico louco tbm com certo tipo de preconceito hoje estamos a merce de gente ignorante e sem nexo preconceituosa em todos os tipos de lugar ou regiao mas espero que com a crise no mundo eles acabem olhando uns para os outros e diga a si mesmo o erro que eles causaram no passado e que existe ate hoje.

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  2. hehehe só porque tenho cabelo black!!!!!hehehe

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salve valeu pela visita!!!!volte sempre